quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

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Henrique financiou 47 candidaturas e doou mais de R$ 8 milhões para Wilma de Faria

Ciro Marques - Repórter de Política - Jornal de Hoje 

Pouco mais de R$ 41 milhões. Esse foi o montante financeiro arrecadado pelo Diretório Estadual do PMDB durante a campanha eleitoral deste ano. 

Do total, R$ 19 milhões foram destinados à eleição do presidente do partido no Rio Grande do Norte, Henrique Eduardo Alves, que foi candidato ao Governo do Estado. O restante foi dividido em 46 candidaturas, muitas delas de outros partidos, com a de Wilma de Faria, do PSB, que disputou o Senado Federal ao lado de Henrique. Presidente do recém dissolvido Diretório Estadual do PSB, Wilma abriu mão de disputar o Governo do Estado para ficar ao lado de Henrique na campanha.

E, por aceitar a aliança com o PMDB, Wilma acabou tendo quase toda a campanha custeada pelo partido. Afinal, declarou ter recebido R$ 10 milhões durante a campanha e, deste valor, R$ 8,2 milhões partiram do Diretório Estadual do PMDB, segundo informou a prestação de contas do comitê financeiro peemedebista, a qual O Jornal de Hoje teve acesso. 


As doações foram feitas entre 16 de julho e 27 de outubro, ou seja, depois do segundo turno da disputa eleitoral – e mais 20 dias depois da votação em primeiro turno e, consequentemente, da derrota da pessebista na disputa pelo Senado. Ao todo, foram 15 cheques assinados pelo Diretório Estadual peemedebista endereçados a líder do PSB. 

Alguns deles, inclusive, chegaram a ter o valor de R$ 1 milhão. As informações estão em documento entregue pelo próprio PMDB ao Tribunal Regional Eleitoral, como prestação de contas final da sigla durante a campanha eleitoral de 2014. 

Os nomes de Wilma e de Henrique aparece junto a outros 45 candidatos na “lista de doações efetuadas a candidatos/comitês financeiros/partidos”. Dentre eles, boa parte dos eleitos para a Assembleia Legislativa e Câmara Federal. Ao todo, Henrique usou o Diretório Estadual do PMDB para ajudar a 37 candidaturas estaduais e 10 federais. Há, diante disso, nomes também menos expressivos, que não tiveram, nem de longe, posição de protagonismo nas eleições 2014. Exemplo: a ex-vereadora Sargento Regina, do PDT. 

Ela teve apenas 1,2 mil votos – faltou cerca de 30 mil para passar a votação de Álvaro Dias, último eleito pela coligação dela. 

Mesmo assim, Sargento Regina recebeu R$ 200 mil do PMDB no Rio Grande do Norte, o mesmo valor doado para os deputados estaduais que conseguiram se reeleger, Raimundo Fernandes (PROS) e Tomba Farias (PSB), e para o também eleito Albert Dickson (PROS), presidente da Câmara Municipal de Natal. 

Há outros casos que podem ser considerados maus exemplos de utilização dos recursos partidários, como os R$ 188 mil doados a candidatura de Júnior Moura, que substituiu Gilson Moura, que desistiu de ser candidato após os vários casos de corrupção envolvendo o nome dele. DOAÇÕES EFETUADAS PELO PMDB/RN AOS CANDIDATOS 

Candidaturas majoritárias apoiadas pelo PMDB HENRIQUE: R$19,1 milhões WILMA: R$ 8,2 milhões 

Deputados federais apoiados pelo PMDB 

WALTER: R$ 1,77 milhão 

FAFÁ ROSADO: R$ 800 mil 

SANDRA ROSADO: 600 mil 

ROGÉRIO MARINHO: 350 mil 

ANTÔNIO JÁCOME: 330 mil 

ABRAÃO LINCOLN: R$ 200 mil 

RAFAEL MOTTA: 150 mil 

JOANILSON DE PAULA REGO: 20 mil 

Deputados estaduais apoiados pelo PMDB 

HERMANO MORAIS (PMDB): R$ 820 mil 

KELPS LIMA (SDD): R$ 600 mil 

EZEQUIEL FERREIRA (PMDB): R$ 470 mil 

GUSTAVO FERNANDES (PMDB): R$ 300 mil 

NELTER QUEIROZ (PMDB): 450 mil 

ÁLVARO DIAS (PMDB): 475 mil 

GETÚLIO REGO (DEM): 400 mil 

GEORGE SOARES (PR): R$ 400 mil 

CARLSON GOMES (DEM): R$ 400 mil 

MÁRCIA MAIA (PSB): 250 mil 

JOSÉ ADÉCIO (DEM): 230 mil 

ADENUBIO MELO (PSC): R$ 200 mil 

ADÃO ERIDAN (PR): R$ 200 mil 

SARGENTO REGINA (PDT): 200 mil 

ALBERT DICKSON (PROS): 200 mil 

RAIMUNDO FERNANDES (PROS): 200 mil 

GUSTAVO CARVALHO (PROS): 200 mil 

VIVALDO COSTA (PROS): 200 mil 

LAURA HELENA (PHS): 200 mil 

TOMBA FARIAS (PSB): 200 mil 

LARISSA ROSADO (PSB): 200 mil 

SOUZA (PHS): 200 mil 

BISPO FRANCISCO DE ASSIS (PSB): 195 mil 

JR MOURA (PRP): 188 mil 

RICARDO MOTTA (PROS): 150 mil 

JACÓ JÁCOME (PMN): 130 mil 

LEANDRO PRUDÊNCIO (PHS): 107,5 mil 

EDIVAN MARTINS (PV): 100 mil 

ALDAIR DA ROCHA (PTB): 50 mil 

PROFESSOR LUIZ CARLOS (PMDB): 40 mil 

EDILSON CARLOS (PV) : R$ 35 mil 

GLADSTONE HERONILDES (PMDB): 35 mil 

VALERIA BARBALHO (PSDB): 30 mil 

ELIANE LOURENÇO (PTN): 30 mil 

KÁTIA NUNES (PMDB): 20 mil 

EMANUEL MARQUES (PSDC): 10 mil 

LUZIA MATIAS (PMDB): 1.05 mil 

Dinheiro do PMDB/RN veio da Executiva, de Temer e de investigadas na Petrobras 

Vários peemedebistas foram críticos ao apoio que o PT deu à candidatura de Robinson Faria, do PSD, na disputa pelo Governo do RN. 

O peemedebista Nelter Queiroz, deputado estadual eleito, por exemplo, chegou a pregar o voto em Aécio Neves, do PSDB, mesmo a decisão afetasse, diretamente, o plano nacional peemedebista, que tinha no vice de Dilma o nome de Michel Temer, do PMDB. Agora, observando a lista de doadores do PMDB/RN, a situação fica ainda mais grave. Afinal, Michel Temer doou R$ 1 milhão para o Diretório Estadual da sigla. 

E a Executiva Nacional do partido foi responsável por repassar outros R$ 26 milhões para o RN. As doações de Michel Temer aconteceram em duas oportunidades. A primeira, no dia 11 de setembro, quando o vice-presidente de Dilma enviou um cheque de R$ 500 mil para o Diretório Estadual do PMDB/RN. 

O segundo, de mesmo valor, foi enviado no dia 2 de outubro, nas vésperas da eleição em primeiro turno. Quando começou o segundo turno e o PT nacional passou a participar mais da campanha de Robinson Faria, com o ex-presidente Lula no programa eleitoral do PSD e as doações feitas pelo comitê financeiro de Dilma, as críticas peemedebistas ao voto na presidente petista passaram a ser mais constantes. 

Muitos, inclusive, chegaram a defender o voto em Aécio Neves e passaram a produzir peças publicitárias com o tucano e Henrique Alves. Segundo comenta-se, o próprio governadorável chegou a cogitar a declaração de apoio a Aécio. 

O problema é que toda essa relação de aproximação com os tucanos prejudicariam não apenas Michel Temer, mas também toda a Executiva Nacional do PMDB, que via na continuidade do governo Dilma a possibilidade de se manter forte no plano brasileiro. 

E, apesar de ser prejudicada pelas críticas feitas à Dilma, a Executiva peemedebista não abriu mão de continuar apoiando o Diretório Estadual do partido. Só nas últimas semanas foram mais de R$ 6 milhões doados. No total, foram R$ 26 milhões destinados a sigla no Estado.

INVESTIGADOS É importante explicar que os recursos repassados por Michel Temer e pela Executiva Nacional do PMDB foram resultantes de doações feitas a esses dois por outras empresas, algumas delas, inclusive, citadas no escândalo da Petrobras, como a Galvão Engenharia, a OAS e a Queiroz Galvão. 

Além disso, relembra-se que na prestação de contas de Henrique já apareceu outras investigadas no caso de corrupção da estatal brasileira. 

A Odebrecht, por exemplo, foi a maior doadora da campanha do candidato peemedebista ao Governo do RN. Foram R$ 5,5 milhões enviados para cobrir parte dos R$ 26 milhões gastos por Henrique durante a campanha.

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