terça-feira, 2 de dezembro de 2014

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Diretores da Petrobras entram em contradição

A acareação entre os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró foi realizada na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção na petroleira. O primeiro assunto a ser colocado pelos parlamentares para esclarecimento entre os dois foi sobre o pagamento de propina no contrato da compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos.

Na condição do diretor responsável, à época, pela compra da refinaria de Pasadena, Cerveró negou que tenha havido pagamento de propina nos contratos referentes a essa transação e em outros da Petrobras. “Eu desconhecia. Pelo fato de desconhecer, para mim não havia [pagamento de propina]”, voltou a afirmar Cerveró hoje. Em seguida, questionado sobre uma carta escrita por ele que propiciou a compra da refinaria, ele disse que não recebeu propina por isso. “Eu não recebi nada, eu fiz um procedimento normal. Eu não recebi nada por essa carta”, disse.

De acordo com a Agência Brasil, sobre o assunto, Paulo Roberto Costa se limitou a dizer que reitera o que já disse ao juiz Sérgio Moro, nos depoimentos que prestou em Curitiba. Em setembro, a imprensa divulgou que Costa havia admitido ao juiz que recebeu, ele próprio, R$ 1,5 milhão de propina pelo contrato da refinaria de Pasadena.
No início da acareação, Costa foi o primeiro a falar e começou dizendo que tudo o que já disse nos depoimentos de delação tem comprovação. “Não tem nada da delação que eu falei que eu não confirme. Porque a delação é um instrumento extremamente sério, não pode ser usado de artifício, não pode ser mentira, de coisas que não possam depois se confirmar”, disse. E completou: “Falei de fatos, falei de dados, falei de pessoas. Na época oportuna, essas pessoas serão conhecidas”.

Paulo Roberto é apontado pela Polícia Federal como uma das pessoas no topo de uma organização que intermediava o pagamento de propina de empreiteiras a partidos políticos e agentes públicos para conseguir contratos com a Petrobras. Na condição de diretor de abastecimento da empresa, ele admitiu à Justiça – em depoimento aberto, fora da delação premiada – que era responsável por receber o dinheiro de propina que posteriormente seria repassado aos partidos PP, PT e PMDB.

No início de seu depoimento de hoje à CPMI, ele se disse arrependido do que fez e até mesmo de ter aceitado uma indicação política para chegar ao cargo de diretor da Petrobras. Segundo ele, foi essa indicação que o levou à condição de réu atualmente. “Mas em todos os governos, desde o governo Sarney, o governo Collor, o governo Itamar, o governo Fernando Henrique, o governo Lula e o governo Dilma, em todos os governos só se chega ao cargo de diretor da Petrobras se tiver um indicação política. E eu aceitei essa indicação, da qual me arrependo amargamente, porque agora estou aqui”, disse. Costa disse ainda que o mesmo esquema que acontece na Petrobras se repete em todos os outros contratos públicos do país, incluindo ferrovias, portos, aeroportos, entre outros.

Logo em seguida, foi a vez de Cerveró falar. Ele contou que sua defesa está sendo paga pela Petrobras por meio de um seguro que é feito pela companhia para custear a defesa de seus funcionários em processos que estejam relacionados à gestão. “Esse seguro só cobre a defesa. No caso de condenação ou dolo comprovado o seguro tem que ser ressarcido pelo responsável”, esclareceu em seguida.

Nestor Cerveró começou a acareação comunicando aos parlamentares que não irá responder perguntas formuladas com base em vazamento de informações do processo à imprensa. “Não vou responder a perguntas que sejam extraídas de possíveis vazamentos ou ilações da mídia. Não vou responder perguntas que eu desconheço e que os senhores também desconhecem”, disse.

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